segunda-feira, 21 de novembro de 2011

DODGE RAM X FORD F-250 XLT 4X4

MONSTROS S/A - ESTAS PICAPES PASSAM DAS MEDIDAS QUANDO O ASSUNTO É TAMANHO E FORÇA.


Qualquer número é surpreendente na nova Ford F-250, que chega às lojas com motor a diesel eletrônico e tração 4x4, como modelo 2007. Ou na Dodge RAM 2500, sua rival direta. Do tamanho da vareta de óleo do cárter (1,14 metro, na RAM) à posição do banco (1 metro acima da rua na F-250, suficiente para pôr o motorista no último andar entre os carros de passeio, o bastante para enxergar o teto de um VW Fox, que tem 1,54 metro de altura). O motor Cummins 3.9 que passa a equipar a F-250 entrega, na roda, 2235,4 mkgf de torque. Não fosse a falta de aderência, as duas poderiam, literalmente, subir paredes - ou derrubá-las.
Surpreendentes também são os números da Fenabrave: em janeiro e fevereiro, foram emplacadas 248 unidades da F-250 e 139 da RAM. Parece pouco, mas lembre que estamos falando de carros com mais de 5,4 metros de comprimento e 2 de largura, que exigem carteira de habilitação tipo C, de caminhoneiro. E saiba que 65% destas picapes usam tanto espaço (onde caberiam sete motos CG 125) para levar apenas três passageiros: são versões cabine simples. Segundo a Ford, a chegada das F-250 4x4 (antes, limitadas ao 4x2) deve mudar o panorama.
A briga está acirrada. A Dodge oferece desconto de 9% na versão cabine simples e a Ford não fechou o preço de sua novidade: 110000 ou 115000 reais, dependendo da continuidade da promoção da RAM. O normal seria a líder ditar o preço, mas o fato é que a rival está barata. A picape Dodge é isenta de impostos de importação (por ser fabricada no México) e é favorecida pelo dólar em baixa e pela economia de escala. É vendida nos Estados Unidos (51677 unidades em janeiro e fevereiro, mais que Celta, Palio e Fox somados). Na realidade brasileira, a RAM poderia custar mais que a F-250, pois entrega mais.

Usina de força Mas, primeiro, a grande novidade: a Ford passou do MWM 4.2, de seis cilindros, para o Cummins 3.9 MaxPower, de quatro cilindros. É menor, só que mais moderno: injeção common-rail, acelerador eletrônico e quatro válvulas por cilindro. "De 1200 a 3000 rpm, o MaxPower tem mais torque que o máximo atingido pelo MWM. A nova F-250 poderia subir a Rodovia dos Imigrantes (que tem inclinação de 6%) a 135 km/h, contra 115 km/h da outra", diz Gilberto Geri, engenheiro da Ford. Uma bela evolução, mas os 203 cavalos (e 56 mkgf de torque) parecem pouco, comparados aos 330 cavalos (e 81,4 mkgf) a serviço da RAM.
O motor usado pela Dodge é um seis-cilindros de 5,9 litros, também eletrônico. Foi escolhido pela WardsAuto (publicação americana especializada em automóveis há 82 anos) como um dos dez melhores do ano, em 2004, e consegue ser querido nos Estados Unidos, o país do V8 a gasolina. Com essa usina de força (capaz de iluminar centenas de casas, se fosse usada como gerador), a RAM vai aos 100 km/h em 9,9 segundos, rápida como um Peugeot 407 V6. A F-250 leva 15,6 segundos - bem mais lenta, mas de bom tamanho para uma picape de 3 toneladas, com centro de gravidade alto e suspensões rudimentares. A Ford tem molas mais firmes e amortecedores traseiros montados para fora das longarinas, distantes um do outro, dando maior controle ao carro. Na trilha esburacada, a RAM pula muito (desculpe o trocadilho), mas é um ônibus executivo em estrada lisa.

Só a Dodge tem câmbio automático (e, por outro lado, a Dodge só tem câmbio automático). É uma caixa de apenas quatro marchas, um tanto indecisa sobre qual delas usar. Nenhuma maravilha, mas ainda assim mais cômoda que o câmbio manual de cinco marchas da adversária. Com a alavanca em Drive e o piloto automático acionado, o motorista da RAM só precisa virar o volante, trocar os CDs do rádio (não há MP3), acompanhar os números do computador de bordo (um visor azul, no teto, como no Del Rey) e apreciar a vista. O banco do motorista tem ajustes de distância, altura e inclinação do assento elétricos e o mais largo descansa-braço do mundo. É o banco do meio, que tem cinto de três pontos e, nas horas vagas, pode ser abaixado. Ah, ia esquecendo: ele ainda se desdobra em dois porta-objetos, com direito a divisórias e tomada de 12 volts. E, se os objetos forem grandes, atrás dos bancos há uma larga plataforma de plástico.
Escalada A F-250 é o contrário de tudo isso. A bagagem de mão vai no colo, nos pés ou na caçamba, pois a cabine é mais apertada. O terceiro passageiro é cidadão de terceira categoria, com a alavanca de câmbio lhe tomando espaço e protegido por cinto abdominal. O motorista tem banco com ajuste manual de altura (o volante também, mas a articulação na coluna de direção fica tão próxima do motorista que o efeito é mínimo). Computador de bordo? Piloto automático? Nem como opcional. E, se o motorista quiser escalar os 70 centímetros que separam o piso da cabine e o chão, que suba o estribo com as próprias pernas, porque a alça na coluna do pára-brisa é privilégio do carona. Como novidades, a Ford acena com rádio MP3, tecido aveludado e seletor de roda-livre no cubo da roda. Útil no fora-de-estrada, permite descer ladeiras usando freio motor também nas rodas dianteiras, quando a tração 4x4 com acionamento elétrico (presente nas duas picapes) atuaria apenas no eixo traseiro. A caçamba cresceu 41 centímetros em relação à usada nas versões cabine dupla e na cabine simples 4x2, mas ainda assim é 10 centímetros mais curta que a da RAM e 6 centímetros mais estreita (empata em altura).
Como defender a F-250 diante da RAM? Na apresentação à imprensa, a Ford ressaltou o fato de montar o carro aqui, com peças nacionais, livre de uma possível reviravolta na cotação do dólar, e de ter rede autorizada maior. É tudo verdade - e, diante disso, o comprador da Dodge RAM só tem a agradecer. O motor da picape mexicana é da mesma família deste agora usado pela F-250. Muda o número de cilindros, mas boa parte das peças é comum - como nos Opala de quatro e seis "bocas". Quer dizer que, graças à Ford, o cliente da Dodge terá mais lugares a que recorrer em caso de emergência. Poderá procurar ainda a assistência das divisões de caminhões da Ford e da Volkswagen: elas usam o Interact, versão do MaxPower adaptada ao trabalho pesado. Nem mesmo uma crise cambial haverá de parar a gigante RAM.

Comparativo Dodge RAM x F-250
s : Item de série
o : Opcional
- : Não-disponível
Bolso
O preço da F-250 é estimado. O valor definitivo depende do fim (ou não) da promoção de RAM

carrosRAMF-250
Preço do carro básicoR$ 105.000R$ 110.000
Garantia2 anos ou 50.000 km2 anos ou 250.000 km
Número de concessionárias43450
Consumo estrada (km/l)7,17,8
Consumo cidade (km/l)8,69,3
Tanque de combustível/autonomia (l)/(km)128 / 1.100110 / 1023
Conforto
carrosRAMF-250
Ar-condicionado/direção hidráulicas / ss / s
Rodas de liga leve/pintura metálicas / os / o
CD player/comandos no volantes / -s / -
Vidros/travas elétricoss / ss / s
Espelhos/teto solar elétricos / -s / -
Janela traseira basculante-s
Câmbio automático/cruise-controls / s- / -
Computador de bordo/bancos de couros / -- / -
Segurança
A F-250 tem ABS apenas nas rodas traseiras e freio a disco apenas nas dianteiras. A RAM tem discos e ABS nas quatro rodas

carrosRAMF-250
ABS/ABS-t/BAS/EBDs / - / - / s- /s / - / -
Controle de tração/estabilidade- / -- / -
Airbags (motorista/carona)s / ss / -
Encosto de cabeça/cinto de 3 pontos para 3º passageiro- / ss / -
Alarme/imobilizador/controle de aberturas / s / ss / s / s
Desempenho
Câmbio automático explica em parte a enorme vantagem da RAM nas retomadas.
Vindo a 120 km/h, o Mégane da edição passada parou 21,4 metros antes desta F-250.

carrosRAMF-250
0-100 km/h (s)9,915,6
0-1000 m (s)31,736,6
D/3ª 40 a 80 km/h (s)4,36,8
D/4ª 60 a 100 km/h (s)5,510,3
D/5ª 80 a 120 km/h (s)715
Velocidade máxima (km/h)157159
Frenagem 120/80/60 km/h a 0 (m)74,3 / 34,4 / 19,480,2 / 32,4 / 18,8
Ruído interno PM/RPM máx (dB)36,6 / 66,650,6 / 70,8
Ruído interno 80/120 km/h (dB)61,4 / 66,263,2 / 68,3
Velocidade real a 100 km/h (km/h)95,894,6
Ficha técnica
Os dois motores Cummins têm mesmo diâmetro e curso, sendo que o da RAM é 50% maior. Cada cilindro tem quase 1 litro.

carrosRAMF-250
Motor/posiçãodianteiro/ longitudinaldianteiro/ longitudinal
Construção/cilindrada (cm3)6 cil. em linha / 58834 cil. em linha / 3920
Diâmetro/curso (mm)102 / 120102 / 120
Taxa de compressão17,2:117,3:1
Potência (cv a rpm) (A/G)330 a 2900203 a 2900
Torque (mkgf a rpm)81,4 a 160056 a 1500
Câmbio (tipo/marchas/tração)autom. / 4 / 4x4manual / 5 / 4x4
Direção (tipo/nº voltas)hidráulica / 2,8 voltashidráulica / 3,8 voltas
Suspensão dianteiraeixo rígidoeixo rígido
Suspensão traseiraeixo rígidoeixo rígido
Freios (tipo/dianteiro/traseiro)hid. / disco / discohid. / disco / tambor
Pneus265/70 R17265/75 R16
Dimensões
Mais longa que elas, só a F-250 cabine dupla, com 624 cm.

carrosRAMF-250
Comprimento/entreeixos (cm)583 / 357576 / 348
Altura/largura (cm)202 / 198200 / 207
Caçamba (comprimento/largura/altura) (cm)261 / 167 / 51250 / 161 /51
Peso (vazio/carga útil/capac. de tração) (kg)3073 / 1009 / 55912825 / 1165 / 5500
Peso/potência (kg/mkgf)9,313,9
Peso/torque (kg/mkgf)37,850,5
Diâmetro de giro (m)14,915,7
condições do teste
Temperatura: 25 ºC
Pressão atmosférica: 758 mmHg
Altitude: 660 m
Umidade relativa: 53%
veredicto
A Dodge RAM é mais estradeira e a Ford F-250, mais lameira. Talvez você não precise do motor de 330 cavalos e do câmbio automático oferecidos pela RAM. Mas ela custa o mesmo que a F-250 e traz, a mais, airbag do carona, ABS e freio a disco nas quatro rodas, computador de bordo e rodas aro 17.

F-250
R$ 110.000
Novidades: motor, grade, tração 4x4, caçamba, faróis, grafismo no painel e estofamento. E a mesma cara desde que foi lançada, em 1998.
SUSPENSÃO
bom - Melhor que a da RAM, mas não a ponto de ganhar uma estrela a mais. Receita antiga, com eixo rígido e feixe de molas, mas com calibragem firme.
AO VOLANTE
razoável- Bancos confortáveis. A regulagem do volante interfere pouco em altura e muito na inclinação: na prática, escolhe-se entre os modos "normal" e "Kombi". Gasta mais espaço para manobrar que a rival: 15,7 metros.
CARROCERIA
bom - É dura a vida do terceiro passageiro, com o túnel central alto, inclinado nas beiradas, e com a alavanca de câmbio no meio. Como falta espaço atrás dos bancos, a bolsa de viagem precisa ir no colo ou na caçamba.
MOTOR E CÂMBIO
excelente - Belo conjunto, finalmente com tração 4x4. A derrota na pista foi contundente, mas a F-250 não é fraca. A RAM é que exagera.
MERCADO
bom - No mercado há oito anos, tem valor de revenda e público cativo. Mas está cara, comparada à rival. Não assine o cheque antes de saber quanto custa o seguro na sua cidade.

RAM
R$ 105.000
Feita no México, a terceira geração da RAM estreou em 2002. Foi lançada aqui em 2005, com cabine dupla. A simples veio este ano.
SUSPENSÃO
bom - Confortável na estrada, enjoativa em caminhos esburacados. Com eixo rígido na frente e atrás, abre mão da eficiência em prol da resistência.
AO VOLANTE
bom - A direção é precisa, apesar do sistema de esferas recirculantes. O banco do motorista tem ajustes de altura e inclinação do assento elétricos, e o volante tem regulagem de inclinação e distância. Manobrar é que é difícil: o diâmetro de giro é de 14,9 metros.
CARROCERIA
excelente - Caçamba maior, cabine mais espaçosa e visual de torcer o pescoço.
MOTOR E CÂMBIO
muito bom - Câmbio automático indeciso, de reações lentas e com poucas marchas. Mas o motor de seis cilindros é
tão bom que, no fim das contas, a picape Dodge anda agradavelmente bem.
MERCADO
muito bom - Bons ventos do dólar barato trazem a RAM por menos que a F-250, mesmo tendo câmbio automático. O motor tem primos feitos no Brasil, mas não podemos esquecer que a RAM sempre será um carro importado de baixo volume, com peças de acabamento que jamais serão nacionalizadas.

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