Sedã de luxo mostra suas armas na primeira reestilização da era Fiat
O modelo continua imponente, embora a silhueta tenha sido com vincos que cortam toda a
lateral e contornam as caixas de roda.
O para-brisa está mais inclinado, enquanto as janelas seguem pequenas.
Poucas coisas poderiam ser tão típicas dos Estados Unidos como o imponente porta-aviões U.S.S. Midway, de 1945. Aposentado após a Guerra do Golfo, o navio fica atracado no porto de San Diego, onde funciona como museu: abre seus decks para exibir aeronaves como a F-4 Phantom II, clássica combatente do Vietnã, e a F-14 Tomcat, que aparece no filme Top Gun – Ases Indomáveis. Foi ao lado dele, no píer Broodway, que a Chryslerapresentou o novo 300C. O sedã, ao contrário do vizinho náutico, já não reflete com tanta propriedade a personalidade norte-americana.
A frente alta e ampla foi suavizada – ganhou ares europeus. Pode ser mais elegante. Mas é, também, menos impactante. E a influência visual não parece vir da Itália, como seria natural com a Fiat no comando. Ela está mais para alemã, como denunciam os faróis com leds para iluminação diurna à moda Audi.
As lanternas também têm diodos de luz, além de formato vertical e estreito. A grade dianteira ficou menos poluída com as novas barras horizontais. Já a silhueta foi suavizada, com vincos que cortam toda a lateral e contornam as caixas de roda. O para-brisa está mais inclinado, enquanto as janelas seguem pequenas, e a frente curta. A plataforma, no entanto, não mudou
O sedã vem em versão única de acabamento. Nos EUA é oferecido em quatro versões.
Só a V8, topo de linha, é equipada com tração integral
A familiaridade do 300C termina quando olhamos pelo vidro e percebemos tudo diferente do lado de dentro. Se ele já era o “carro do patrão”, agora podemos dizer que o chefe virou o dono da empresa. A cabine está mais sofisticada e aconchegante, resultado das clínicas feitas pela montadora. Nas 4.100 entrevistas, sete em cada dez consumidores sugeriram refinar o ambiente. E eles foram ouvidos: os materiais têm toque suave, as peças são bem encaixadas e acabadas, e há detalhes com madeira verdadeira. Os bancos redesenhados acolhem muito bem os ocupantes – os dois da frente oferecem ajuste lombar e de altura.
Outra transformação significativa é a do painel. Remodelado e menos vertical, ele amplia a sensação de espaço. No centro, traz a tela de 8,4 polegadas, que reúne sistema multimídia e GPS. É fácil interagir com todas as funções, que podem ser comandadas a partir da tela sensível ao toque. O quadro de instrumentos também evoluiu: ficou mais estiloso com a bela iluminação azul.
O pianel ficou belo e refinado. Foram-se os mostradores com fundo branco,
vieram um novo volante e monitor de 8,4 polegadas.
A atenção ao interior do 300C prossegue no esforço dos engenheiros para reduzir os ruídos. Eles instalaram dois painéis acústicos sob a cabine, espuma para preencher cavidades e forros para filtrar o barulho da rodagem. As medidas surtiram efeito. Mas o silêncio não chega a impressionar.
O que espanta é a placa “trecho com patrulha área” em nossa rota. Logo, um helicóptero militar surge no horizonte e sobrevoa o carro. A essa altura, já estamos longe do U.S.S. Midway, e pertinho da fronteira com o México. A cerca que separa os países vira um borrão emoldurado pela janela do 300C – pena que o carro não seja produzido ali, do outro lado do limite territorial. Nesse caso, seria isento dos 35% de Imposto de Importação e custaria bem menos que os estimados R$ 165 mil.
O modelo deve desembarcar no Brasil no segundo semestre de 2011. Ele deverá ocupar a mesma faixa de preço da versão atual e custar por volta de R$135 mil.
O sedã deve chegar em outubro na versão V6, vindo do Canadá. Sob o capô, trará o propulsor Pentastar 3.6 de 292 cv e 35,9 kgfm. Ele substitui o 3.5, também V6, de 249 cv e 34,7 kgfm, que no último teste de Autoesporte levou o carro a 100 km/h em 9,7 s e a 213,5 km/h de máxima. Mais potente, o novo 300C tem pique para melhorar os números, apesar de estar mais pesado (são 1.817 kg na configuração Limited, como a avaliada, ante 1.740 kg da anterior). Enquanto o câmbio ZF de oito marchas não chega, o sedã segue com o automático de cinco marchas, que garante boas retomadas, mas vai melhor quando o motorista comanda as trocas na alavanca. Pena que o acesso a ela seja dificultado pelo descanso de braço. Em um carro desse padrão, cairiam bem borboletas atrás do volante.
Nos bancos traseiros, os passageiros encontram bom espaço e ainda podem curtir o amplo teto panorâmico
No caminho sinuoso que leva aos arredores do México, o 300C mostra ajuste de suspensão que privilegia o conforto. O conjunto traz mudanças na geometria, além de novos amortecedores e molas. A sensação é de que as informações do solo chegam com menos precisão à direção, mas sem prejuízo da estabilidade.
A segurança é garantida por sistemas auxiliares, como o que monitora pontos cegos ou o de alerta de colisão dianteira, que atua junto com o (pouco intuitivo) controlador de velocidade. O controle de estabilidade também está lá. Airbags frontais, laterais e de cortina completam a proteção. Não se compara ao poderio das aeronaves do U.S.S. Midway, mas o pacote mostra que, apesar de menos americanizado, o 300C também está pronto para encarar a batalha pela preferência do comprador
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